quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

vigilância sanitária de água


Vigilância sanitária de água para consumo Humano


“Cerca de 1 bilhão de pessoas no Mundo não têm acesso à água potável e mais de 2,5 bilhões de pessoas não têm saneamento básico adequado. A escassez de água limpa e as fontes de água contaminada são duas das principais causas de doença e morte em todo o Mundo devido a doenças transmitidas pela água, tais como infeções, diarreias, cólera, febre tifoide e parasitas” (water for humans)


“Considera-se água destinada ao consumo humano, toda a água no seu estado original, ou após tratamento, destinada a ser bebida, a cozinhar, à preparação de alimentos, á higiene pessoal ou a outros fins domésticos, independentemente da sua origem e de ser fornecida a partir de uma rede de distribuição, de um camião ou navio- cisterna, em garrafas ou outros recipientes, com ou sem fins comerciais. Toda a água utilizada numa empresa da indústria alimentar (todas as fases), assim como a utilizada na higienização dos espaços, utensílios, superfícies que possam estar em contacto com os alimentos”. (Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto)


O Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano. Tem por objetivo proteger a saúde humana dos efeitos nocivos resultantes da eventual contaminação dessa água e assegurar a disponibilização tendencialmente universal de água salubre, limpa e desejavelmente equilibrada na sua composição. Estabelece ainda critérios de repartição da responsabilidade pela gestão de um sistema de abastecimento público de água para consumo humano, quando a mesma seja partilhada por duas ou mais entidades gestoras.

O Programa de Vigilância Sanitária de Água para Consumo Humano está fundamentado nas seguintes vertentes:

·    Higio-sanitária e Tecnológica - Ações de avaliação das condições de higiene e segurança a nível das instalações e do funcionamento e á análise das medidas de gestão e manutenção da qualidade da água e dos equipamentos. Com este conjunto de ações pretende-se ter conhecimento do sistema de água e do seu funcionamento e as características da água e das zonas de abastecimento consideradas mais problemáticas.

·     Analítica - Realização de análises complementares ao Programa de Controlo da Qualidade da Água (PCQA) e de outras ações necessárias para a avaliação da qualidade da água para consumo humano. Envolve a colheita de amostras para análise (microbiológica, físico-química ou outras) e a verificação do cumprimento do programa de controlo da qualidade da água distribuída.

·          Epidemiológica - Permite a comparação e interpretação da informação obtida através dos programas, com recurso a dados de caracterização do estado de saúde dos consumidores (obtidos, nomeadamente, a partir de bases de dados de morbilidade ou de inquéritos epidemiológicos). A necessidade e a definição destes estudos são da competência das Autoridades de Saúde, tendo em conta o conhecimento das realidades locais.

“Segundo a OMS, a qualidade da água para consumo humano é um indicador essencial para a avaliação do nível de saúde das populações. A avaliação da qualidade da água é, no entanto, um processo complexo que envolve a análise de vários parâmetros físico-químicos, bacteriológicos e ecotoxicológicos. Em qualquer dos casos, a fiabilidade dos resultados analíticos depende largamente da amostragem. É fundamental que esta seja efetuada corretamente e que se assegure que as amostras não sofrem alterações no período entre a colheita e a análise.” (INSA;sd)

As colheitas de amostras de água para análise laboratorial e/ou análise no local devem realizar-se na distribuição da água, ou seja na torneira de distribuição, tal como devem ser usadas amostras separadas para análises químicas, microbiológicas e biológicas, visto que os procedimentos e equipamentos para recolha e manuseamento são diferentes.


Técnica de colheita para análises microbiológicas  - Torneira Domiciliaria



Depois da colheita das amostras, as mesmas deverão ser colocadas em malas térmicas devidamente limpas e com acumuladores de frio, com o objetivo de garantir uma correta refrigeração, até à entrega no laboratório.

Procedimento após a recolha

Após concluídas as colheitas, o técnico deve entregá-las no Laboratório de Saúde Pública.

Tendo em conta os parâmetros a analisar dispostos no anexo II do decreto-lei n.º 306/2007, de 27 e Agosto e sob orientação do laboratório responsável pelo controlo analítico da água para consumo humano, caracteriza-se três tipos de colheitas de água, sendo as mesmas:


  • Colheitas tipo P1
Neste tipo de colheitas são analisados os parâmetros bacteriológicos (bactérias coliformes, escherichia coli, enterococos) a condutividade, pH, e o desinfectante residual.
  •  Colheitas tipo P2
As colheitas tipo P2 são mais abrangentes, no sentido que englobam todos os parâmetros da anterior (P1) e também os parâmetros físico-químicos (Colónias a 22ºC, Clostridium, Nitratos, Oxidabilidade, Ferro, Alumínio, Colónias a 37ºC, Turvação, Amónio, Nitritos, Manganês e Flúor).

  • Colheitas tipo P3
Este tipo de colheitas são as mais completas, pois para além dos parâmetros incluídos nas colheitas tipo P1 e P2 são ainda abrangidos os metais (Cádmio, Cobre, Chumbo, Potássio, Trihalometanos, Crómio, Níquel, Sódio e Boro).


Algumas imagens de colheitas realizadas durante o estágio 

Figura 1

Figura 2

Figura 3

 
Figura 4

Em caso de Incumprimentos:
As Entidades Gestoras no âmbito do seu controlo de qualidade devem informar a Autoridade de Saúde no caso de incumprimentos legais e proceder em conformidade com o esquema abaixo.

Após a receção do relatório de ensaio e no caso de existir incumprimento a Autoridade de Saúde deve comunicá-lo à Entidade Gestora de acordo com o esquema abaixo.







Realizar este tipo de atividade foi particularmente interessante para mim, é uma das áreas dentro da saúde ambiental que me desperta mais interesse, para além de constituir grande relevância para a saúde pública. A manutenção da água para consumo humano dentro dos padrões de qualidade estabelecidos em legislação específica é de grande importância para a saúde pública. As doenças de veiculação e de origem hídrica estão associadas ao consumo de água de má qualidade. como tal é importante se proceder-se a vigilância sanitária da água para consumo. 

Próximo publicação, Vigilância sanitária  de águas recreativas.

Até Breve.   

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