domingo, 8 de dezembro de 2013

Vigilância sanitária de águas


Vigilância Sanitária de Águas de Utilização Recreativa
e
Água Mineral Natural



Água Recreativa  

 
Figura 1
Nos últimos anos, a nível municipal, houve um grande investimento no equipamento dos conselhos com piscinas municipais de modo a que a população pudesse ter acesso a uma atividade física e lúdica, durante todo o ano. O número de utilizadores destes espaços tem vindo a aumentar, especialmente dos grupos etários mais baixos, nomeadamente crianças em idade pré-escolar e escolar, e também nos idosos.

Com o aumento do número de utilizadores é importante uma rigorosa vigilância da qualidade da água, de forma a evitar doenças de transmissão hídrica.

O programa de vigilância sanitária das piscinas, visa avaliar a qualidade da água dos tanques e verificar as condições das instalações, com o objetivo de evitar ou reduzir os riscos para a saúde dos seus utilizadores.

Neste programa, estão incluídas as piscinas públicas e particulares de utilização pública, nomeadamente as integradas em estabelecimentos turísticos, escolas, ginásios e health clubs.

No âmbito da vertente tecnológica do programa de vigilância sanitária das piscinas, pretende-se identificar, conhecer e avaliar, as condições de instalação e funcionamento das piscinas (aspectos construtivos, organização dos espaços, revestimentos, circuitos hidráulicos e equipamentos de tratamento de águas, produtos químicos utilizados, higienização da piscina, etc.) e serviços anexos (instalações sanitárias, balneários e vestiários, postos de socorro, etc.), através de vistorias e apreciação de projectos.

A vertente analítica, pretende aferir acerca da qualidade da água dos tanques, e compreende o planeamento das colheitas, sua realização e posterior análise laboratorial, para pesquisa de indicadores microbiológicos de contaminação e determinação de parâmetros físico-químicos. Alguns parâmetros como o cloro residual livre, cloro combinado, pH e temperatura são determinados localmente aquando das colheitas.

“Segundo o Decreto-Lei n.º 82/2009 de 2 de Abril, compete às autoridades de saúde “vigiar o nível sanitário dos aglomerados populacionais, dos serviços, estabelecimentos e locais de utilização pública e determinar as medidas corretivas necessárias á defesa da saúde publica.”

A vertente epidemiológica é da competência das autoridades de saúde, as quais deverão realizar estudos orientados para a avaliação do risco para a saúde da qualidade da água dos tanques, quando justificados pelos dados analíticos e epidemiológicos, e visa estudar o impacto destes espaços na saúde dos seus utilizadores.(ARS Alentejo)

O serviço de saúde tem um programa de vigilância da qualidade da água, como tal, nós os estagiários em conjunto com a TSA, realizamos colheitas de água as piscinas municipais cobertas de Moura.
Figura 2

Para se proceder a colheita de água, em piscinas, é necessário recorrer a várias técnicas consoante a finalidade.

Técnica de colheita para análise microbiológica

 Técnica de colheita à superfície

  •             Utilizar calçado adequado;
  •              A colheita deve ser efetuada no local mais afastado da entrada de água na piscina;
  •              Desinfetar as mãos;
  •             Destapar o frasco o mais próximo da água possível, sempre com a tampa virada para baixo;
  •      Mergulhar o frasco em posição inclinada sem que a boca fique completamente submersa;
  •         Deslocar o frasco para a frente, de modo a captar a camada superficial. O frasco não deve ficar completamente cheio;
  •            Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo;
  •            Colocar o frasco na mala térmica.


Técnica de colheita em profundidade

  •         Prender as cordas aos dispositivos de armação do frasco mantendo-o dentro da caixa de proteção;
  •        Retirar o frasco da caixa de proteção e submergi-lo até meia altura da piscina;
  •           Acionar a corda de abertura do frasco;
  •           Depois de cheio, fechar o frasco e retirá-lo da água;
  •           Identificar o frasco e colocá-lo na caixa metálica;
  •         Colocar a caixa metálica na mala térmica.


        Técnica de colheita para a análise química

  •           O local de amostragem deve ser o mais próximo das saídas de água;
  •           Proceder à desinfeção das mãos ou utilização de luvas estéreis;
  •           Destapar o frasco na proximidade da água, conservando a tampa virada para baixo;
  •     Mergulhar o frasco em posição vertical a uma profundidade de cerca de 20 cm, inclinando-o para encher;
  •    Deslocar o frasco para a frente até ao seu enchimento. O frasco deverá ficar completamente cheio;
  •         Retirar o frasco, fechá-lo e identificá-lo. 
  •          Colocar o frasco na mala térmica.



  • Também se procedeu a medição de parâmetros do local, foram eles o cloro residual livre, o pH e a temperatura.
Depois de efetuadas as colheitas, e os frascos acondicionados nas malas térmicas, estes devem ser transportados para o laboratório de Saúde Pública,  para a respetiva analise 


A vigilância sanitária de águas recreativas tem vindo a evoluir em relação aos parâmetros microbiológicos, a analisar, por exemplo,  a Instituição EPA, United States Environmental Protection Agency, lançou em 2012 critérios finais da qualidade da água recreativa. Estes refletem os mais recentes conhecimentos científicos, os comentários públicos e as revisões. Os novos critérios são projetados para proteger o público da exposição a níveis perigosos de agentes patogénicos, aquando de práticas aquáticas   


Também a Health Canada, criou, Diretrizes para a Qualidade da Água de Recreio Canadiense, que tem como objetivo principal a proteção da saúde pública. As diretrizes descrevem o conhecimento científico atual sobre os riscos de saúde e de segurança associados com o uso da água de lazer.

 É importante investir na vigilância das águas recreativas, uma vez que  as doenças por causas hídricas tem vindo a aumentar, algumas patologias que se encontram associadas a utilização das água das piscinas:

  •         Febre faringo-conjuntivital;
  •       Meningites;
  •       Encefalites;
  •       Pneumonites;
  •      Gastroenterites,
  •      Conjuntivites;
  •      Tumores cutâneos benignos;
  •      Pé de atleta;
  •       Impetigo;
  •      Leptospirose;
  •      Legionelose;
  •       Otites;
  •      Sinusites;



Água Mineral Natural


Figura 3

De acordo com a DIRECTIVA 2009/54/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de18 de Junho de 2009 relativa à exploração e à comercialização de águas minerais naturais, entende-se por «água mineral natural» uma água microbiologicamente pura, tendo por origem um lençol ou um jazigo subterrâneo e proveniente de uma nascente explorada através de uma ou várias emergências naturais ou perfuradas.

A água mineral natural distingue-se claramente da água de bebida ordinária:

a) Pela sua natureza, caracterizada pelo seu teor em minerais, oligo-elementos ou outros constituintes e, eventualmente, por determinados efeitos; b) Pela sua pureza original, Tendo ambas as características permanecido intactas devido à origem subterrânea dessa água que a manteve ao abrigo de qualquer risco de poluição.
b) Pela sua pureza original, tendo ambas as características permanecido intactas devido à origem subterrânea dessa água que a manteve ao abrigo de qualquer risco de poluição.


Importa ainda referir em acordo com o Decreto-Lei n.º 72/2004 de 25 de Março que em determinadas águas minerais naturais podem estar presentes, no estado natural, constituintes que, devido à sua origem hidrogeológica, podem representar um risco para a saúde pública a partir de uma certa concentração.

As águas minerais naturais são caracterizadas pela sua composição físico-química, que as distingue das outras águas de consumo humano, não podendo ser submetida a tratamento que lhes alterem as suas propriedades, para além dos descritos no artigo 6º do Decreto-Lei n.º 72/2004 de 25 de Março, que estabelece a lista dos limites de concentração e as suas menções constantes do rótulo para os constituintes das águas minerais naturais, bem como as condições de utilização de ar enriquecido em ozono para tratamento das águas minerais naturais e das águas de nascente.

Durante o estágio foram realizadas duas colheitas, em duas estações de captação. Segue abaixo a técnica de colheita utilizada.


Técnica de Colheita

  •           O técnico da colheita deve estar devidamente equipado com touca, calçado adequado, bata, máscara, luvas estéreis ou proceder à desinfeção das mãos;
  •            Flamejar a torneira onde se efetuar a colheita;
  •            Abrir o frasco o mais próximo da torneira, sempre com a tampa virada para baixo;
  •         Encher o frasco e fechá-lo;
  •            Identificar o frasco e colocá-lo na mala térmica.



Depois de efetuadas as colheitas e os frascos serem acondicionados nas malas térmicas, devem ser transportados para o laboratório de Saúde Pública para a respetiva analise


Como futura técnica de saúde ambiental é com grande relevância que desempenhei esta atividade visto no meu entender ser uma das áreas com maior importância de intervenção para população. A água é desinfetada para eliminar os organismos patogénicos e, consequentemente, evitar as doenças transmitidas pela forma hídrica, sendo um dos instrumentos mais valiosos na promoção e preservação da Saúde Pública. 



“A água é a única bebida para um homem sábio.” (Henry David Thoreau)




Sem comentários:

Enviar um comentário